A partir de hoje a prefeitura de Pelotas passa a intensificar a aplicação de doses voltadas à prevenção da Poliomielite como parte da Campanha Nacional de Vacinação contra a doença e de multivacinação para atualização da caderneta de vacinação de menores de 15 anos de idade. O objetivo, além de colocar em dia as vacinas, é aumentar a cobertura na cidade, que em 2021 apresentou números preocupantes. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ano passado apenas 55,37% das crianças de até um ano e 40,53% das crianças de até quatro anos receberam as doses.

Desde 1994 a Poliomielite é considerada uma doença erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a baixa cobertura é considerada fator de risco, já que a Pólio, como é comumente chamada, é uma doença contagiosa causada por um vírus que vive no intestino. Ela pode infectar principalmente crianças de até cinco anos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas, podendo provocar ou não paralisia.

Visando a manutenção do status de doença erradicada, a campanha iniciada hoje para ampliar a cobertura vacinal envolve todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o Centro de Especialidades e os ambulatórios das universidades Federal (UFPel) e Católica (UCPel). Todos estes locais estarão aplicando doses da vacina contra a Pólio. O público-alvo são crianças de um a cinco anos, além de crianças e adolescentes menores de 15 anos que poderão atualizar a caderneta.

A campanha se estenderá até o dia 9 de setembro, e segundo a SMS, a meta é alcançar índice de vacinados contra a Poliomielite igual ou maior que 95% em crianças e adolescentes. Além disso, outros imunizantes que fazem parte do calendário nacional estarão disponíveis nas unidades de saúde. Ainda de acordo com a SMS, também as doses de imunizante contra a Covid-19 poderão ser aplicadas simultaneamente com as demais na população a partir de três anos de idade.

A importância da vacinação

Quem está atenta à importância da vacinação e não esperou o chamado da campanha nacional é Crisellen Costa. Na semana passada, a mãe do pequeno João, de quatro anos, esteve no Centro de Especialidades para que o filho recebesse as vacinas recomendadas. "Ele fez a vacina da Pólio e tem todas as outras vacinas que são obrigatórias, faço questão de trazer ele. Estivemos aqui na outra semana e agora voltei com ele para as vacinas dos quatro anos."

Crisellen não é a única a dar bom exemplo. Cristian San Pietro também foi ao Centro de especialidades com os flihos Cristofer e Henri. Ambos também já estão protegidos contra a Poliomielite, mas faltava colocar em dia outras. "Sempre levamos eles para manter as vacinas em dia, então agora está tudo atualizado", conta.

Sequelas para a vida toda

Apesar de hoje estar erradicada, ainda há quem conviva com as sequelas da Pólio, como Maria Celina Furtado, 61, que teve poliomielite aos três anos. "Os meus pais sempre foram muito pobres e o meu pai não deixava a minha mãe me levar para tomar vacinas, mas também era muito difícil de achar. Na época eu ainda andava e acabei pegando a paralisia infantil de uma amiguinha com quem eu brincava e meus pais precisaram me levar para fazer cirurgias para desenvolver os nervos das minhas pernas", relata.

Após um tempo utilizando aparelhos, Maria acabou precisando de cadeira de rodas. "Não me abalo por isso, vivo minha vida muito bem. É claro que se tivesse tomado as vacinas talvez teria menos sequelas, mas sempre me superei. Hoje tenho os filhos das minhas sobrinhas e sempre incentivo a tomarem as vacinas na época certa, porque é muito importante."

Doses que também necessitam de atenção

Além dos baixos números já citados sobre a Poliomielite, outras vacinas apresentam baixa adesão por parte dos públicos-alvo. De acordo com a diretora da Vigilância em Saúde de Pelotas, Aline Machado da Silva, a pandemia de Covid-19 impactou ainda mais nas coberturas de praticamente todas as vacinas. "Todas as vacinas do calendário nacional são importantes. Porém, de forma geral, as que mais nos preocupam, além da Poliomielite, são vacinas como a do Sarampo, pois nos alerta para o risco de reintrodução do vírus", alerta.

A diretora ressalta que a vacina tríplice viral, além de prevenir o Sarampo, também é válida contra doenças como a caxumba e a rubéola. E é indicada para crianças com 12 meses de idade; a segunda dose com 15 meses fazendo a Tetra viral (Tríplice Viral + Varicela); e com 4 anos de idade se faz a Varicela (segunda dose). Apesar disso, dados disponibilizados pela SMS apontam que entre 2019 a 2021 houve uma queda na procura.

Confira abaixo os dados:

2019 - 85,33% (D1) e 72,38% (D2)
2020 - 69,22% (D1) e 47,96% (D2)
2021 - 71,70% (D1) e 18,87% (D2)

A cobertura contra Pólio em Pelotas

Crianças até 1 ano

2019 - 74,95%
2020 - 63,86%
2021 - 55,37%

Crianças de 1 a 4 anos

2019 - 57,34%
2020 - 67,64%

Saiba mais

Documentos necessários para vacinação:

- Documento de identidade do responsável legal com foto
- Carteira de vacinação da criança
- Cartão SUS ou CPF

Locais e horários:

- Todas as UBSs: de segunda a sexta, das 8h30min às 16h
- Centro de Especialidades: de segunda a sexta, das 8h às 18h
- Ambulatório da UFPel: de segunda a sexta, das 8h às 12h
- Ambulatório da UCPel (campus Dr. Franklin Olivé Leite): de segunda a sexta, das 8h às 17h